Só em 2024, plataformas de apostas esportivas investiram mais de R$ 550 mi em patrocínios máster a clubes da Série A do Brasileiro; valor deve ser maior em 2025
O Brasil é um dos países mais atrativos para as casas de apostas, já que conta com muitos apaixonados por esportes e, principalmente, pelo futebol. Não à toa, 25% de todos os acessos a plataformas de apostas online vem daqui, nos tornando líderes mundiais.
Claro que todos esses acessos chamariam a atenção das principais casas de apostas do mundo, que logo enxergaram boas oportunidades de investimentos. Basta ver os números da Série A do Brasileirão: só em 2024, os clubes receberam R$ 550,7 milhões em patrocínios máster.
Essa tendência já vem sendo observada há algum tempo e o crescimento é notório. Em 2023, por exemplo, esse valor correspondia a R$ 209 milhões, portanto, o salto de um ano para o outro foi enorme e em 2025 não deve ser diferente.
Setor de casas de apostas projeta investimento de R$ 2 bi
Com a regulamentação em vigor, segundo a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), as casas de apostas devem investir R$ 2 bilhões em cotas de patrocínio e publicidade no futebol brasileiro no próximo ano. Esse valor, porém, inclui os investimentos nos clubes, nas federações e outras campanhas publicitárias.
Do montante, a televisão aberta deve ficar com R$ 320 milhões, e a fechada com R$ 150 milhões. As mídias digitais devem receber um aporte de R$ 100 milhões e, as rádios, de R$ 35 milhões.
As federações devem receber R$ 160 milhões das casas de apostas, enquanto R$ 790 milhões serão destinados à publicidade em estádios, como as placas e espaços publicitários. Já os clubes devem receber R$ 600 milhões, de acordo com dados divulgados pela Folha de São Paulo.
Casas de apostas dominam patrocínios no futebol brasileiro
A CBF fechou um acordo com a Betano pelos Naming Rights do Campeonato Brasileiro pelos próximos três anos. Apesar de os valores não terem sido divulgados, é tratado como o maior acordo da história. Anteriormente, o contrato com o Supermercado Assaí, em vigência até 2023, era de R$ 50 milhões.
Vale destacar que a casa de apostas Betano também detém os direitos de nomeação da Copa do Brasil. Já no Campeonato Brasileiro Série B, a Betnacional adquiriu os direitos de nomeação.
Considerando o Campeonato Brasileiro Série A em 2024, apenas o Cuiabá não possuía nenhum tipo de acordo com empresas do segmento.
75% dos patrocínios máster na Série A são de casas de apostas
Levando em conta apenas os patrocinadores máster este ano, as casas de apostas esportivas dominaram o futebol brasileiro, somando 75% do total de empresas que investiram nesse tipo de cota. Apenas Palmeiras, Grêmio, Internacional, Cuiabá e Bragantino não contam com casas de apostas como principais parceiros.
Porém, é importante esclarecer algumas situações. No caso do Verdão, a Crefisa está de saída e, a partir de 2025, o clube também deve ter uma casa de apostas como patrocinador máster. A Sportingbet, uma das principais operadoras de apostas no país, tem negociações avançadas com o clube.
Já no caso do Athletico Paranaense, cujo patrocinador é a Esportes da Sorte, o contrato foi suspenso pelo clube, pois a empresa não estava na lista inicial do Ministério Público para operar no Brasil. A marca se regularizou, mas o clube completou a temporada sem recolocar a empresa no espaço da camisa.
Confira todas as casas de apostas online que entraram como patrocinadores máster no Brasileirão 2024:
Flamengo - Pixbet (R$ 105 milhões por ano)
Corinthians - Esportes da Sorte (R$ 103 milhões por ano)
Palmeiras - Crefisa (R$ 81 milhões fixos, até 120 milhões com bônus esportivos previstos no contrato)
Vasco - Betfair (R$ 70 milhões por ano)
São Paulo - SuperBet (R$ 52 milhões)
Fluminense - SuperBet (R$ 52 milhões)
Grêmio e Internacional - Banrisul (R$30 milhões por ano)
Botafogo - Parimatch (R$ 27,5 milhões por ano)
Cruzeiro - Betfair (R$ 25 milhões por ano atualmente - R$ 42 milhões a partir de 2025)
Fortaleza - Novibet (R$ 20 milhões por ano)
Bahia - Esportes da Sorte (R$ 19 milhões por ano)
Atlético-MG - Betano (R$ 18 milhões por ano)
Athlético-PR - Esportes da Sorte (cerca de R$ 16,5 milhões por ano)
Juventude - Stake (R$ 15 milhões por ano)
Atlético-GO - Blaze.com (R$ 14 milhões por ano)
Vitória - Betsat (cerca de R$ 10 milhões por ano)
Cuiabá - Sicredi (R$ 8 milhões por ano)
Criciúma - EstrelaBet (R$ 6 milhões por ano)
RB Bragantino - Red Bull (valores não divulgados)
Parcerias entre emissoras de TV e casas de apostas
Com a regulamentação das casas apostas no Brasil, emissoras de TV também buscam sua fatia nesse mercado. A Globo, uma das maiores emissoras do país, fechou parceria com a MGM Resorts Internacional e, com isso, pretende lançar a MGMBet em 2025.
A ideia dos parceiros é que a empresa esteja apta para operar no primeiro trimestre de 2025, com ampla divulgação na programação da TV Globo e em suas plataformas digitais.
Outra grande emissora brasileira que fechou uma parceria de peso é o Grupo Bandeirantes de Comunicação. A empresa se juntou à casa de apostas esportivas OpenBet e, juntas, lançaram a BandBet. Ao contrário da concorrente, a BandBet já conseguiu se regularizar.
O Grupo Silvio Santos planeja lançar, em 2025, sua própria casa de apostas, chamada "Todos Querem Jogar". Assim como o Grupo Bandeirantes, o SBT tem conversas adiantadas com a OpenBet para uma parceria, que pode se concretizar nos próximos meses.
Essas parcerias são bem-vindas para ambos, já que as emissoras possuem grande alcance com sua programação, enquanto as marcas já têm experiência no setor.
Empresas começam a pagar taxa de R$ 30 milhões
O Ministério da Fazenda abriu uma janela para empresas manifestarem o interesse em operar no Brasil. Neste período, 114 solicitações foram recebidas, com 71 liberadas.
Agora, as casas de apostas esportivas que receberam a confirmação precisam se enquadrar em todos os pontos exigidos pelo governo, incluindo o pagamento de taxas. Quem ficou de fora ainda pode solicitar a inclusão, mas não deve ser liberado a tempo de iniciar em janeiro.
O secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Alexandre Dudena, revelou que o país conta com 16 casas de apostas no Brasil que já realizaram o pagamento da outorga de R$ 30 milhões.
“Então, 71 empresas já foram notificadas pelo Ministério da Fazenda, e elas têm 30 dias, a partir da notificação, para cumprimento desses requisitos finais. Dessas, 16 já pagaram a outorga. Nós temos hoje 16 empresas que já pagaram um total de R$ 480 milhões em outorga ao Ministério da Fazenda”, informou Dudena à Agência Brasil.
A regulamentação das casas de apostas no Brasil representa um marco significativo, já que, além de trazer benefícios econômicos ao país, possibilitará um monitoramento mais eficiente, resultando em segurança e transparência para os apostadores.
Com isso, as casas de apostas devem seguir uma série de exigências que podem trazer benefícios econômicos e maior confiança no setor. Por outro lado, será necessário combater possíveis golpes e sites ilegais.
Para tanto, o Ministério da Fazenda e a Anatel começaram a realizar o bloqueio de sites ilegais. “Nós já tivemos três levas de domínios que foram identificados pela nossa área, em muitos casos com ajuda da Polícia Federal e de outros órgãos de investigação penal. Nós já derrubamos um total de 5.283 domínios”, relatou Dudena.
O que muda para apostadores e empresas?
Desde 2018, com o então presidente Michel Temer, o Brasil passou a contar com a regulamentação das apostas de cota fixa online.
Porém, mesmo que essa ação liberasse o público brasileiro para usufruir de casas de apostas online, as empresas estrangeiras operavam sem a necessidade de pagar impostos ao governo brasileiro. Dessa forma, elas faziam registro e prestavam contas apenas aos locais de suas licenças.
Após anos atuando apenas pela internet sem regras bem definidas, as casas de apostas passam a operar completamente regulamentadas no Brasil a partir do dia 1º de janeiro de 2025.
As empresas que quiserem se regularizar no Brasil precisam receber a liberação e, após isso, pagar o valor de R$ 30 milhões pela outorga. Além disso, precisam se enquadrar em diversos pontos.
Entre eles, as casas de apostas precisam contar com domínio de extensão “bet.br”, ter uma sede no país e seguir com todas as regras impostas no Brasil, incluindo o pagamento de taxas e impostos.
O imposto será de 12% sobre o Gross Gaming Revenue (GGR), o que, segundo a ANJL, com as outorgas, e deverá render mais de R$ 20 bilhões à Receita Federal em 2025.
Para os apostadores, a garantia de segurança e transparência é o principal ponto, já que as empresas serão monitoradas e trabalharão em conjunto com o Governo Federal para o combate à manipulação de resultados.
Também existem iniciativas para apoiar e orientar apostadores que necessitem de acompanhamento para jogar de forma segura e controlada, com a possibilidade de tratamento para quem tem problemas com jogo compulsivo ou que possam desenvolver dependência em decorrência das apostas. Vale lembrar que apenas maiores de idade podem fazer palpites em casas de apostas esportivas.
Portanto, são diversas regras e ações impostas pelo Ministério da Fazenda, que busca garantir a segurança necessária, impulsionar a economia brasileira e combater apostas ilegais.
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